27 novembro 2006

Reminiscências reminiscentes

Numa incursão saudosista por caixotes imemoriais da minha despensa, deparei-me com uns quantos manuscritos da minha autoria, que datam do tempo da escola preparatória. Mais precisamente, manuscritos que remontam ao meu 9.º ano de escolaridade. No meio dessas folhas esmaecidas pela passagem do tempo, encontrei uma que me chamou a atenção. No topo da página, anunciando o que ali vem, pode ler-se o cabeçalho “Redacção”. Na verdade, aquele exercício corresponde ao que muitos professores se gostam de referir, no seu convívio privado, como o “Escrevam-lá-qualquer-merda-e-não-me-chateiem-muito”.
_ “Hoje, vão fazer uma redacção! E o tema é livre!” – parece que ainda estou a sentir a excitação na voz da minha professora de português. Era uma açoriana super hiper mega boa, acabada de sair da faculdade (ou, pelo menos, assim aparentava), que se apresentava em todas as aulas sem excepção vestida com umas calças tão justas que faziam sobressair o rego da cona. E tão bons momentos que aquele rego nos proporcionou a todos…
E ao pegar naquela folha de papel e ler os gatafunhos que ali fiz, ri-me. Devo dizer que se havia coisa que eu não gostava de fazer e que me aborrecia profundamente, era composições – para além de tudo o resto. Sobretudo se nos fosse dada a liberdade para escrevermos sobre o que caralho quiséssemos. Se bem se lembram, as aulas do ensino preparatório tinham a duração de 50 minutos. Pelo menos, na época em que eu estudei na escola preparatória, era assim. E o que é que se espera que um gajo com 15 anitos escreva em 50 minutos? Vou escrever sobre quê? Sobre mim? Sobre a vida? Sobre o mundo? Sobre a tesão que a professora me dá? Lembro-me que costumava perder metade do tempo disponível a pensar no que raio ia eu transpor para o papel. E se pensarmos que o ponto alto da minha vida, naquela altura, se resumia às tardes de sábado nas quais me deslocava com o meu pai a casa do meu avô para atestar garrafões de vinho, está tudo dito. Se bem que hoje em dia as coisas não variem muito…
Resumindo e concluindo: esta minha composição está um mimo. Se a memória não me falha, escrevi o que ora vos deixo só para chatear aquela puta, como uma forma de manifestar o meu descontentamento. Aqui vai:

“A Pizza”

«Gosto muito de pizza. Cientes desta minha queda para aquele acepipe gastronómico, os meus pais decidiram, na semana passada, levar-me a um restaurante italiano. A minha irmã também foi. Tirando alguns pormenores mais ou menos humorísticos no início do manjar, do desagrado dos meus pais, a verdade é que o mesmo decorreu sem grandes sobressaltos. E não haveria grande coisa para contar, a não ser que comi uma pizza “Napolitana” e que depois voltámos todos para casa com o bucho cheio. Todavia, no decorrer da refeição, uma questão ambígua assolou o meu espírito…
“E se as pizzas falassem? O que diriam elas?”
E é sobre esta problemática que me vou aqui debruçar. E vou-me debruçar com cuidado, que é para não cair.
A fim de se poder dar uma resposta satisfatória àquela questão, teremos primeiro de dissecar a vida da pizza – seu contexto sócio-económico, cultural, etc.. Vejamos: devemos sempre ter em linha de conta que a esperança média de vida de uma pizza, desde que nasce (sai do forno) até à sua morte (na boca daquele que a come, vulgo, “o comedor” ou “glutão”), não ultrapassa uma hora. Analisemos o processo de formação de uma pizza. Pode afirmar-se com segurança que a pizza é concebida nas mãos do cozinheiro, com a colocação dos vários ingredientes, o que equivaleria, nas circunstâncias humanas, à colocação do pénis na vagina, com a consequente ejaculação do esperma. Assim, tal como o espermatozóide penetra no óvulo, também a pizza se introduz no forno, onde decorre a gestação. A partir daqui, temos um primeiro termo comparativo para determinarmos a paridade da duração de vida de uma pizza, transportada para a realidade humana. Ora, se a gestação de um ser humano dura 9 meses, pode então considerar-se que aqueles 20 ou 30 minutos em que a pizza está em fase de cozedura é o equivalente a esses 9 meses. Depois, socorrendo-nos da regra de três simples, podemos determinar qual a duração média de vida da pizza em anos humanos. Então, faça-se a conta: se 20 minutos correspondem a 9 meses, então 60 minutos (esperança média de vida de uma pizza) correspondem a… 27 meses. Ou seja, na melhor das hipóteses – pense-se, por exemplo, nas entregas ao domicílio –, a pizza vive cerca de dois anos e meio. É, obviamente, uma mera estimativa. Isto significa que a pizza falece ainda bastante jovem – uma tragédia. Esta é uma analogia relativamente óbvia e fácil de se fazer. Tenho até algum receio que me falte a originalidade. A dificuldade neste exercício mental prende-se com o facto de nas pizzas não existirem cordas vocais nem pulmões para guardar o ar que, uma vez expelido, as faria vibrar. A isto, acresce que um miúdo com dois anos e meio não diz grande coisa. E bem assim, um miúdo de 15… Mas deixemos de lado essa impossibilidade. Porque tenho quase a certeza que se a pizza, ainda assim, conseguisse falar, diria: “Come-me à bruta!”.
Numa próxima composição: “E se o professor de matemática falasse?”.»

P.S.: Escusado será dizer que, daqui, não adveio nada de bom…

17 novembro 2006

Situações do caralho (literalmente)

Já de há algum tempo para cá que ando com uma sdfjhgsdfjklghsdflgjk
sdfgsdfgmc´´´rdfv
COLHÕES!!
asdfadg
comichão no escroto que me asf´gj5553
237090jg

dfsf
arre!
me impede de usar as mãos para outra 3'34534xcgfjº+s
gsdfgaet
BRUTALIZEM-ME!
sgvd5
coisa que não seja coçar o milheiral...
Daí, a minha ausência...
Mas ffffffffffosdda-sea asdf af asf
não se preocupem os meus leitores, porque já estou a ser sdjkfdg
penetrado!!!
medicado... por uma romena que teve o infortúnio (a sorte!) de nascer com oito dedos em cada mão.
Até já!

01 novembro 2006

Convenção Ortográfica da Língua Mirandesa

No extremo nordeste de Portugal, ao longo da fronteira a sul de Alcanices, entre a ribeira de Anguieira, a poente e a sul, e o rio Douro, a nascente, existe um conjunto de aldeias onde as pessoas utilizam entre si duas línguas: o português e o mirandês. Os dois idiomas convivem actualmente numa situação de diglossia, isto é, de desigualdade de utilização: o primeiro é utilizado em qualquer circunstância, o segundo tem um uso mais restrito, geralmente confinado à família e às relações entre vizinhos ou aldeias. No segundo ciclo do ensino básico, o mirandês é ministrado como disciplina optativa durante dois anos.

Exemplos de aplicação:

Yá se m'iba squecendo. El bai alhá nun solo por ber-te, mas tamien por te pedir algo. Num sei se l poderás atender, porque l que bai a pedir-te yê un fabor mui grande. Dará-le bida nuôba, dixo-me el.
L aire de l campo fai-mos sentir bien.
Nós bemos-mos manhana.

P.S.: Um gajo chegar a casa bêbedo às 3h50 da manhã resulta nisto... Um gajo dá importância a estas merdas...