26 julho 2007

Vai trabalhar, burro de merda (Dr.)!*

Trabalhar é como o comer e o coçar: tudo vai do começar. E se já começaste, já te fodeste. Na minha opinião, iniciar uma ‘vida activa’ é como assinar a própria sentença de morte. Vão-se os dias de ócio, as tardes passadas na esplanada a ver passar tetas, conas e cus, vão-se as noites de borracheira, vai-se a vida santa. Com o trabalho, vêm as preocupações, as responsabilidades, e vem a ‘vida adulta’ – que, diga-se, é uma bela duma merda. Lá diz o povão, na sua infinita estupidez: “Quem não trabuca não manduca!”. Quem não trabuca não manduca... Pfffff... Confesso: não gosto de trabalhar. Conheço um caso de um infeliz que, num belo dia de Primavera, se apresentou ao serviço no primeiro dia daquele que era o seu primeiro emprego e, passados apenas dez anos... PUMBA! Um pêlo encravado.

Digamos que a labuta está para a minha pessoa assim como a política está para o Manuel Alegre – cá me vou entretendo no meio deste esterco, apesar de preferir mil vezes estar a recitar poesia (ou a tocar bandolim, for that matter) numa qualquer tasca pejada de velhos bêbados.
Mas que não haja confusões. Eu labuto. E labuto todos os dias das 9h às 19h. Bom... Para ser mais rigoroso, das 10h às 18h... ou 17h, consoante a vontade. Em abono da verdade, não trabalho – vou trabalhando.

Por isso, é sempre com enorme tristeza que recebo notícias como a que recebi hoje de manhã:
“Hello, moto!”, seguido de uma melodia intrincada – tocava o meu telemóvel.
“Foda-se... O que é que este caralho quer agora?” – pensei. Pressiono a tecla verde do telemóvel e atendo.
“Sim. Que foi?” – disparo amavelmente.
“Acabaram de me ligar da Caça&Pesca, Lda. Querem que eu vá trabalhar com eles!” – diz a voz do outro lado da linha, num tom animado.
“Oh que caralho... Fizeste-a bonita... Mas porque é que não te matas de uma vez?”

* Com o devido respeito...

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