21 setembro 2005

DELÍRIOS DRAMÁTICOS

Hoje, trago-vos a este cantinho galhofeiro um pequeno exercício mental. É interessante constatar como determinados comportamentos que, em certos ambientes, até são aceitáveis e perfeitamente naturais, noutros completamente diferentes, assumem uma conotação radicalmente oposta, como sendo comportamentos desviantes, anormais, estranhos. Eu, meus amigos, insurjo-me contra essas merdas! Foda-se! Porque raio é que não hei-de agir sempre de igual forma onde quer que eu esteja, perante quem quer que seja? Para além de se tratar de uma questão de coerência, isso mexe com a minha honra, com a minha dignidade enquanto ser humano ainda é ser humano, com a minha mais básica liberdade de actuar conforme me der na real gana! Porque eu sou fiel aos meus sentimentos! Eu gosto de atirar pedrinhas ao charco para ver se acerto nas rãs, olha que merda! Hã?!?... Humm… Caralho, que já me enervaram!
Bom, mas já me estou a desviar do assunto. Ontem sucedeu-me a coisa mais engraçada. Estava num dos meus momentos “zen”, deitado a todo o comprimento sobre a minha cama, com a televisão sintonizada no “SMS TV” – único canal do qual sou fã incondicional e espectador assíduo – a olhar para o tecto. Na ausência de melhor programa – e sendo eu um indivíduo dinâmico, pró-activo – resolvi pegar no ursinho de peluche que tenho lá em casa ao lado da cama, na mesinha de cabeceira, e iniciei uma actividade lúdica… como dizer…? bastante interessante e imaginativa. Com a gaita-de-foles firmemente segura na minha mão esquerda e com o ursinho na minha mão direita, não estou com meias medidas, e vai de dar berlaitadas com o tubérculo na testa do indefeso boneco. E entretive-me naquilo durante largos minutos. Posso adiantar que de produtivo nada saiu dali. Se alguma coisa saiu, foi um ursinho de peluche com a testa suja. E este texto, vá… Não mais do que isso. No entanto, ainda brincava eu com a dita testa felpuda do boneco, quando, subitamente e sem que nada o fizesse prever, a minha mente me transporta para uma audiência de julgamento. “Mas que caralho…!” – cogitei eu, meio atordoado. “Uma audiência de julgamento, agora? Mas porque raio…?” Pois é. Desconheço a razão pela qual a minha massa cinzento-amarelada me arrebatou para uma sala de audiências. Não vale a pena tentar compreender. Estava eu ali, deitado, a dar cacetadas com a pixota na testa do boneco, com toda a força que o meu pulso conseguia encontrar, e dou por mim em plena sala de audiências. Isto deu azo a um mergulho filosófico no sentido das coisas. “E porque caralho não posso eu estar numa sala de audiências a desempenhar a mesma actividade a que neste momento me presto?” Debrucei-me sobre esse assunto durante a noite toda. Porque é que certas e determinadas actividades, quando desempenhadas no silêncio do nosso lar, ou num outro ambiente propício à coisa e tal, não podem ser executadas em ambientes mais sociais, como, por exemplo, numa audiência de julgamento? Por exemplo, ver uma gaja boa de bikini na praia faz soar o toque do hastear da bandeira, mas não nos surpreende por aí além! Porque é que nos pasmamos se vemos uma gaja de bikini no talho do nosso bairro? Porque não é de bom-tom? Pode estar imenso calor e a cabra andar com a crica assada! Não fica bem? Baahhh! Balelas! Isso não me convence. O que eu venho aqui propor é que façamos o que caralho quisermos, onde quer que nos apeteça! É uma questão de bom-senso.
Em Julgamento: Vamos, então, supor que estamos com vontade de encher a testa do Juiz de nódoas negras à força de piça. Meu dito, meu feito: sai uma “Testa Al’equimose” com molho de piça pr’á mesa 6. Seria, portanto, uma audiência de julgamento absolutamente normal, mas com a pequena particularidade de existir um sujeito que, ao ritmo do ribombar das sílabas, assim ele bateria com a sua pixa na testa dos vários interlocutores, numa cadência perfeitamente ordenada. Em conformidade, a acta do julgamento seria qualquer coisa do género: «O Exmo. Sr. Procurador X, ao mesmo tempo que apanhava com a verdasca do “O Avó” nos cornos, perguntou ao arguido se ele estaria disposto a confessar os factos. O Arguido retorquiu negativamente, porque tinha o chá ao lume e isso não lhe dava muito jeito, e também ele levou piçada na testa. O Meretíssimo Juiz declarou encerrada a audiência e apanhou com um jacto épico de langonha nas trombas, ao abrigo da glande do “O Avó”.». Seguindo esta ordem de ideias, se por mero acaso ao Senhor Juiz não lhe estivesse a agradar a sensação de chicha na testa, também este poderia actuar conforme achasse adequado, por exemplo, fincando bem os dentes no marsápio brincalhão. Calma! O meu é de aço inoxidável, não haveria problemas.
E quem diz “sala de audiências”, pode também dizer “reunião familiar”. No Natal, por exemplo, à mesa de jantar. Ou numa pastelaria, enquanto um gajo espera pelo seu croissant.
E tudo seria muito mais fácil. Íamos todos para casa, com a consciência de termos feito algo de positivo pela nossa sociedade. Sou um gajo utópico, é o que é…
Se este texto me vem ao pensamento numa situação real… Foda-se!

2 comentários:

ATG disse...

Para quando um contador no blog e uma referência ao Bar Velho? :D Este blog já tem patrocínio (não judiciário) no Bar Velho!

Anónimo disse...

Aprendi muito